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 PAULO LEMINSKI - CACHORRO LOUCO



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PRINCIPAL


O Paulo Leminski
é um cachorro louco
que deve ser morto
a pau a pedra
a fogo a pique                               
senão é bem capaz
o filhodaputa
de fazer chover
em nosso piquenique

(Paulo Leminski)

 

 

 

     Paulo Leminski Filho nasceu em 24 de agosto de 1944 na cidade de Curitiba, Paraná.   Filho de Paulo Leminski e Áurea Pereira Mendes. Casa-se, em 1968, com a poeta Alice Ruiz. Teve três filhos: Miguel Ângelo, falecido aos 10 anos; Áurea Alice e Estrela. O compositor tem algumas canções gravadas por Caetano Veloso e pelo conjunto "A Cor do Som".

     Poeta da geração dos anos 70, Leminski começou a lançar suas obras no mesmo período em que ocorreu o “boom” das manifestações da poesia marginal, quando os poetas alternativos levaram a poesia para as ruas, numa tentativa de expandir a sua arte. Sem pretensões maiores. O discurso dos poetas marginais era cheio de imediatismo, deixando a estética erudita em segundo plano para se utilizarem de uma linguagem pessoal e coloquial, que atingisse o leitor, o seu alvo principal.

     O paranaense Leminski faleceu há quase 20 anos, mas podemos perceber sua forte contribuição na cena da literatura brasileira, não apenas quanto à poesia pós-moderna, mas também para as teorias literárias contemporâneas.

   Como um bom poeta contemporâneo, Leminski era também um poeta crítico – produzia arte, mas também a avaliava, analisava. A consciência da linguagem era, portanto, um dos fatores primordiais nos seus poemas.

     Leminski, ao fazer uma perquirição etimológica da palavra paixão que vem de pathos, palavra grega que significa excesso, catástrofe, passagem, passividade, sofrimento e assujeitamento, a partir daí chega à conclusão de que este vocábulo tinha, a princípio, um sentido passivo, depois, adquiriu um sentido ativo. Como ele mesmo ilustra antes se dizia “a paixão de Cristo”, referindo-se ao sofrimento de Cristo, aquilo de que ele padeceu. Hoje se diz “a paixão revolucionária de Trotski.” A paixão, aqui, no caso, não é algo passivo, é uma coisa ativa, é uma coisa que move e se move.  

      Mediante esse esclarecimento, podemos dizer que paixão é uma palavra adequada para definir a relação conflituosa que o poeta goza com a língua, de repente, o poeta é vitima, de repente, o poeta é carrasco, de repente, uma língua masoquista, de repente, uma língua violentada. Para o nosso Leminski, as línguas amam seus poetas porque nos poetas se realizam os seus possíveis. É válido ressaltar que a paixão a que se refere Leminski nada tem a ver com um transbordamento romântico de emoções. Entre os sons e as palavras, entre os sons e o sentido, o amor encontra-se ligado à materialidade do fazer poético, em que os sentidos brotam da materialidade musical, plástica ou icônica da palavra.